Matéria da Tribuna do Norte
Os 10 delegados responsáveis pelas delegacias regionais do Rio Grande do Norte entregarão os cargos em virtude das deficiências na estrutura da segurança pública do Estado. A decisão será protocolada na próxima quarta-feira, 14, em reunião com o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério Silva. Até o final do mês de janeiro de 2012, os homens deverão se ver livres dos cargos administrativos em que ocupam. A única possibilidade de a categoria rever a decisão é com a convocação integral dos aprovados em concurso no ano de 2009.
Sob responsabilidade de cada um dos delegados regionais estão a investigação de crimes ocorridos em 15, 16 e até mesmo 20 cidades do RN. A sobrecarga de trabalho começa a gerar indignação nos delegados, que se reuniram ontem para decidir medidas visando a melhoria do serviço prestado à população. Para a presidenta da Associação dos Delegados (Adepol), Ana Cláudia Saraiva, "não há mais condições de continuar assim".
Os 10 delegados responsáveis pelas delegacias regionais do Rio Grande do Norte entregarão os cargos em virtude das deficiências na estrutura da segurança pública do Estado. A decisão será protocolada na próxima quarta-feira, 14, em reunião com o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério Silva. Até o final do mês de janeiro de 2012, os homens deverão se ver livres dos cargos administrativos em que ocupam. A única possibilidade de a categoria rever a decisão é com a convocação integral dos aprovados em concurso no ano de 2009.
Sob responsabilidade de cada um dos delegados regionais estão a investigação de crimes ocorridos em 15, 16 e até mesmo 20 cidades do RN. A sobrecarga de trabalho começa a gerar indignação nos delegados, que se reuniram ontem para decidir medidas visando a melhoria do serviço prestado à população. Para a presidenta da Associação dos Delegados (Adepol), Ana Cláudia Saraiva, "não há mais condições de continuar assim".
Foto: Aldair Dantas - Delegacia Regional de São Paulo do Potengi atende 15 municípios que somam 140 mil habitantes |
Delegado Regional de São Paulo do Potengi responde por 15 municípios
"O bicho vai pegar". É com essa frase que um policial militar reage quando informado sobre a possibilidade dos delegados regionais entregarem seus postos. O PM, que não quis revelar sua identidade, é lotado no 3º Pelotão de Polícia Militar de São Paulo do Potengi. No município, distante 71 quilômetros de Natal e com quase 16 mil habitantes, apenas dois PMs fazem a segurança da população. Além disso, é lá onde funciona a 1ª Delegacia Regional do Rio Grande do Norte. No prédio de dois pavimentos, os policiais civis dividem o espaço com 47 presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) que existe no local. O titular da Delegacia, Otacílio Medeiros, responde por 15 municípios e, assim como os demais delegados regionais, quer entregar o cargo próxima semana.
"O bicho vai pegar". É com essa frase que um policial militar reage quando informado sobre a possibilidade dos delegados regionais entregarem seus postos. O PM, que não quis revelar sua identidade, é lotado no 3º Pelotão de Polícia Militar de São Paulo do Potengi. No município, distante 71 quilômetros de Natal e com quase 16 mil habitantes, apenas dois PMs fazem a segurança da população. Além disso, é lá onde funciona a 1ª Delegacia Regional do Rio Grande do Norte. No prédio de dois pavimentos, os policiais civis dividem o espaço com 47 presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) que existe no local. O titular da Delegacia, Otacílio Medeiros, responde por 15 municípios e, assim como os demais delegados regionais, quer entregar o cargo próxima semana.
Segundo o delegado, a segurança pública no interior do Estado vive num "mundo de ilusões". "Eu faço de conta que sou delegado dos 15 municípios e todos fazem de conta que existe polícia judiciária no interior", disse por telefone. Somando a população de todas as cidades que Otacílio deve prestar assistência, chegamos à marca de 143.797 habitantes. Para o trabalho de investigação e elucidação dos crimes, o delegado conta com a ajuda de 14 homens e apenas duas viaturas. "É humanamente impossível trabalhar nessas condições. São cinco sedes de comarca que tenho que dar conta", afirmou.
O prédio da 1ª Delegacia Regional (DR) está localizado logo na entrada de São Paulo do Potengi. Por fora, é possível notar marcas de descuido com o bem público. Paredes sujas, rachadas e mofadas dão ao local um aspecto de abandono. Animais abandonados rondam o prédio. Por trás da delegacia, no quintal, uma criação de bodes convive com a sujeira ocasionada pela falta de limpeza e manutenção do sistema de esgoto. No térreo, funciona o CDP. À direita, ainda do lado de fora, uma escada dá acesso às instalações da DR. Nas paredes internas, mais mofo. O único computador no local estava coberto de poeira, assim como o balcão onde os agentes trabalham. Não existem cadeiras para acomodar quem chega para prestar queixa. O policial civil que estava na delegacia na tarde de ontem não quis se identificar e preferiu não dar informações. "Quem sabe as coisas aqui é o delegado. Não sei dizer nada não", disse o servidor que não autorizou a equipe de reportagem fotografar as instalações internas.
O agente não soube dizer quantos Boletins de Ocorrência (BO's) foram registrados este ano, mas informou que há documentos de pessoas provenientes de municípios de toda região. "Vem gente de todo lugar para prestar queixa aqui na delegacia. Desde perda de documento, a crimes mesmo", relatou.
Para tentar otimizar o tempo, o delegado Otacílio Medeiros afirmou que elegeu as cidades mais importantes para visitar pelo menos uma vez por semana. Em São Paulo do Potengi, o delegado vai às segundas e quartas. Em São Tomé, as visitas acontecem às terças. Nas quintas-feiras, Lajes é o município visitado. "Aí ainda tem a comarca de Bom Jesus e de Tangará que ainda respondo. O trabalho não é fácil".
A situação também não é fácil para os policiais militares que prestam assistência aos potengienses. Apenas dois soldados, por dia, são os responsáveis pela segurança da cidade que possui bancos, caixas eletrônicos e comércio movimentado. A população reclama e pede mais segurança. "É um absurdo, uma cidade tão grande e não tem policiamento adequado. Essa delegacia é um perigo, os presos vivem fugindo. É lamentável esse descaso com a gente", disse Francisco Lima, 51 anos, agricultor. A informação é confirmada por um dos policiais. "Vez por outra um preso foge. Constantemente somos chamados pelo pessoal para dar apoio e evitar mais fugas", contou um soldado.
Presos ficam fora das grades e ajudam nos serviços gerais
Os problemas da Delegacia Regional de São Paulo do Potengi não se limitam a parte superior do prédio. No térreo, as dificuldades são ainda mais visíveis. É lá onde funciona o Centro de Detenção Provisória (CDP) do município. Onde deveriam existir apenas 10 presos, abriga 47 detentos. Cinco deles, acusados de cometer estupro, estão detidos na garagem da delegacia. O delegado Otacílio Medeiros reclama que, apesar de não ser o responsável pelos presos, a presença deles incomoda e representa um risco.
Quem chega à Delegacia Regional é surpreendido pela presença de dois presos passeando livremente pelo local. Apenas um agente penitenciário é responsável pela segurança dos homens. Sem revelar o nome, ele explicou o motivo dos dois detentos estarem fora das celas. "Eles ajudam nos serviços gerais. Não tem quem faça a limpeza, por exemplo", disse. Francisco Fideles está detido no local há dois anos e três meses. Ele aguarda ser julgado pela Justiça por ter cometido um homicídio em São Paulo do Potengi. "Sou comportado, não quero fugir, por isso ajudo os agentes nas tarefas que tem aqui", explicou.
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